terça-feira, 28 de junho de 2011

Adeus, moedas de 1 e 2 cêntimos!

Há imensas coisas que reparamos quando mudamos de um sítio para outro. Hábitos que estranhamos, e depois até acabamos por entranhar, gastronomia diferente (ou até inexistente), a língua (ou às vezes só o sotaque). Lentamente vamo-nos moldando e a dada altura, já sem mesmo darmos por isso, tudo nos parece normal (não é ainda o meu caso, vamos com calma que só passaram 2 semanas!). Uma coisa que achei interessante aqui na Holanda, é que não há moedas de 1 e 2 cêntimos. Quer dizer, deve haver delas, algures por aí... Mas sempre que vou ao Super-Mercado a conta vem arredondada.
Ora portanto:
Kippenborstfilet (julgo ser fiambre de perú) - 1,89€
Halfvolle melk (leite meio-gordo) - 0,57€
Oploskoffie Granulaa (café, talvez) - 2,99€
Finhaznoot (não faço ideia) - 0,69€
Vershoudfolie (pelo preço diria que são os wafles tentação que cá há) - 0,99€
Tudo somado dá 7,13€, mas fazem troco de 7,15€. Nem sempre enganam o cliente, às vezes também cai para o lado deles. Não é absolutamente novidade para mim, recentemente passei por Praga e também lá existe este hábito, e nunca vi uma moeda com valor inferior a 1 CZK. Mas não deixo de apreciar este sentido prático. Pelo menos aqui não se ouve a frase 'Deixa-me cá despachar estes trocos miúdos' (epah, não sei quem pode ou não ler o meu blog, não vou correr o risco de melindrar alguém com comentários potencialmente racistas, ainda que sem qualquer intenção). E desde que voei para Maastricht a 13 de Junho, não mais vi a centésima parte do euro!
Já aluguei casa, mudo no fim de semana, portanto aguardam-me dias felizes de limpeza e escolha de móveis novos!

domingo, 26 de junho de 2011

A minha primeira bicicleta

... de sempre!
Recebi ontem a minha primeira bicicleta! Foi um presente de aniversário, e é linda!
É em segunda mão, porque nestas coisas dos veículos, se vierem com provas dadas, melhor! E porque novas são ridiculamente caras. O mercado da bicicleta aqui está muito inflacionado, compreendi um pouco melhor porque as roubam... Mas condeno esse gesto, como é óbvio! Sobretudo agora, que já sinto tanta afinidade com a Martinha, depois de tudo o que já passámos juntas. Sim, tudo o que nos une já. Ok, só a tenho comigo desde ontem, mas talvez, talvez já tenhamos experimentado uma breve colisão com uma sebe... nunca se saberá!
Hoje está um óptimo dia para tirar a foto à bicicleta! Boa luminosidade e calorzinho! Não estão os 40ºC que assolam Portugal, mas estão seguramente uns quentinhos 26º! Não fosse ter ido à aldeiazinha Philips (Eindhoven) despedir-me de quem me faz tão feliz e este dia seria bem mais agradável! Por falar nessa viagem, e eu sei que já mencionei várias vezes que o holandês é uma língua por demais absurda (penso mesmo ser o termo, agora que penso nisso), mas hoje aconteceu uma coisa vá, gira.
Estava de regresso a Maastricht e deparo-me com a situação de ter que apanhar uma composição que a meio do percurso se divide em dois comboios, sendo que um vai para Heerlen e outro segue para Maastricht, o que obriga a tomar alguma atenção a qual dos dois tomar. Tratando-se apenas de nomes de cidades e linhas no placar informativo, rapidamente concluo que tenho que estar a postos na linha 1B. Ora portanto, temos um atraso de 10 minutos (depreendi, claro, não há certezas quanto a isso). Passados alguns minutos, soa o aviso por toda a estação, capto a palavra chave 'Maastricht', olho para o placar e o atraso já vai em 15 minutos. Volvidos mais uns minutos, nova informação sonora, olho para o placar e nada lá escrito! Nada! Toda a malta na plataforma ri e vai-se embora! Eu rio, de mim própria e do meu comportamento de ovelhinha bem mandada, e sigo a atrás de quem lá estava... Foi fácil resolver a situação, apareceram outros placares com a informação já actualizada a mandar-me para a linha 3B. Mas não deixo de me sentir surda nestas situações. Mas a terra é deles... As regras são deles. Eu só vim ver as vistas!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

25 horas de aniversário!


Faço hoje 26 anos! Passei já a barreira do quarto de século, caminho oficialmente em direcção aos 30, mas sempre jovem!
Os 'Parabéns' começaram às 00h00 holandesas e espero que se prolonguem até às 23h59 portuguesas, que ainda adoro fazer anos, se o dia tiver mais uma hora, melhor!
Partilhei um bolinho com todas as novas pessoas que entraram na minha vida e com quem partilho os meus dias, num ambiente imensamente agradável, a bem dizer. O telemóvel já se encarregou de me trazer imensos beijinhos e felicitações, bem como o Skype, Gtalk e é claro, o Facebook! É a primeira vez que passo este dia tãããõoo longe de toda a minha família e amigos, o que o torna um pouco mais melancólico, mas tenho comigo o meu noivo (sim, noivo!), e isso dá um outro colorido a tudo!
Obrigada a todos os que se lembraram de mim e o expressaram, aos que não expressaram também agradeço, porque sei que estão sempre aí, e mesmo aqueles que não se lembraram, não se preocupem, sei que não é isso que define uma verdadeira amizade!

Como resolução de aniversário, agendo já para o próximo ano uma ida às celebrações do São João ao Porto! Para o ano é que é! Este ano esteve tão perto...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Arroz de salmão

Sinto alguma falta de coisas que tinha em casa (em Portugal) e aqui nem por isso. Por enquanto estou num hotel que tem alguns quartos para estudantes, a um preço mais económico, e uma cozinha para uso comum. Na falta de material suficiente para cozinhar, a única coisa que me atrevi a confeccionar até agora foi uma sopa de feijão-verde, já que trouxe a varinha mágica que a minha mãezinha (que eu adoro e de quem já morro de saudades!) tinha lá a mais por casa. E foi engraçado ver uma moça indiana do 5º andar (eles é que se apresentam assim 'Olá, sou a XXXX, vivo no 5º andar e estou aqui a fazer um MBA, e tu?') a observar atentamente o processo de triturar todos os legumes e criar a base de qualquer sopa... portuguesa!
Mas anda-me francamente a apetecer arroz! Arrozinho branco, só com sal, alho e azeite está bom! Ou o arroz de salmão da minha mãe, que é divinal (ok, o meu também é bom, mas se fosse ela a fazê-lo teríamos alguma proximidade física e não estes 2000Km que nos separam).
Mas os hábitos alimentares aqui são bem diferentes. A maioria das pessoas leva uma sandes, um copo de leite e pronto, está o almoço feito. Eu bem que vou à cantina todos os dias tentar a minha sorte, e na loucura comi uma almôndega e salada de couve! Isso mesmo, salada de couve, não consegui perceber se crua ou cozida, o molho era demasiado intenso, e por isso não a consegui comer toda. Não é que fosse má, apenas diferente, o paladar não está treinado. Ainda!
Curioso foi o seguimento do episódio da couve. Um colega meu canadiano repara no meu prato meio vazio de talheres já arrumados e diz 'Deves ser a pessoa aqui que mais sente saudades de casa!'. Bem, acabei de chegar, ainda me estou a ambientar, não tenho ainda casa, mas porque é que dizes isso? 'Estive o ano passado em Portugal e nunca em toda a minha vida comi tão bem!'. Thank you!!!! Alguém que me compreende!
Em Portugal come-se bem! Temos uma gastronomia tão rica, tão cheia de sabores! E começo a viagem por Portugal, e explico-lhes o 'Leitão à Bairrada', e ele diz com aquele olhar perdido no horizonte 'Nunca comi nada tão delicioso na vida...'. E eu só queria o arroz de salmão!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma semana sem transportes motorizados!

Faz precisamente hoje uma semana que deixei de ter qualquer contacto com tudo o que é transporte motorizado, mais ou menos poluente. Não foi totalmente opção, alturas houve em que não tive outro remédio, mas a verdade é que tenho usado de outras formas de locomoção, o que não acontecia quando estava por terras de Viriato...
Ontem foi o dia campeão! Fui até à Bélgica, para ver de casa, num 7 épicos quilómetros de bicicleta, debaixo de um temporal... Chapéu de chuva numa mão, guiador na outra, lomba inesperada, quando dei por mim estava no meio de um jardim. Valha-me a minha inesperada destreza de não fazer nada e tudo voltou à normalidade quando apanhei de novo a estrada do outro lado da curva.
Pois é, estou a considerar uma casita na Bélgica, sobretudo porque é mais barata do que os preços que se praticam na Holanda (factor importante a ter em conta), no entanto isto de viver num país e trabalhar noutro obriga a dois seguros de saúde, aparentemente (outro factor muito importante), uma vez que é obrigatório em cada um deles, o que me leva a uma total indecisão neste momento face ao que fazer, pelo que a procura pela casa ainda não terminou... Consequentemente não há ainda BSN-Number e tudo aquilo que ele representa!

sábado, 18 de junho de 2011

O primeiro banho de cidade...

...literalmente!
Portanto, primeiro fim-de-semana por novos poisos, tive que ir fazer reconhecimento de área à séria! Mapa na mão, máquina fotográfica na outra, vou até à estação apanhar o tram até ao centro da cidade. Ora portanto, não há interação humana, apenas umas máquina onde posso comprar bilhetes e seguir viagem... Não me aceita o cartão, moedas não tenho... 1-0, ganha a máquina, vou a pé!
Não é assim uma distância tão grande, estou na periferia, mas a cidade é pequena, foi rápido chegar à estação principal e a partir daí seguir o andamento geral das pessoas e chegar ao centro da cidade. Uma praça adorável, cheia de esplanadas à volta e a fome a apertar... O que é que se come aqui? Não faço a mais pequena ideia. 'O que eu não dava por um McDonalds aqui...', parece que me ouviu! Lá está ele, bem na esquina. Tive que ser coerente com o que desejei, se os astros se alinharam e me trouxeram um Mc, tive que ir lá, pelo menos sei o que é cada coisa legendada naquele conjunto absurdo de letras!
Volto à rua depois de almoço e lá está ela! Tão conhecida e afamada... A chuva! Já andava tudo de chapéuzinho (acho que saem de casa sempre preparados), lá tive que ir comprar o meu primeiro item no manual de sobrevivência holandês, um chapéu de chuva (o outro é a bicicleta).
E consequentemente, não há fotos... Mas oportunidades não irão faltar!
Apesar de tudo, é um dia mais chatito... não pela chuva, mas pelas saudades que apertam, sobretudo quando estou tanto tempo sozinha... Caramba, que menina da mamã! E depois? Gosto bastante de o ser!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Maastro Clinic

Ora muito bem, cá está ela, a Maastro Clinic!
Maastro advém de Maastricht Radiation Oncology. É uma divisão autónoma do Hospital, que pertence à Universidade. Recebe cerca de 210 (?!) pacientes por dia para Radioterapia. Acho tudo fascinante lá! Os médicos, físicos e engenheiros trabalham lado a lado. Aprecio esta simbiose de conhecimentos que são aplicadas no tratamento dos doentes. Aprecio o facto de não tratar apenas dados, mas pacientes (ainda não comecei a trabalhar, mesmo, mesmo, mas quando começar será assim), e estou a adorar o grupo onde estou inserida!
Desde italianos a irlandeses, portugueses a romenos, mexicanos a iranianos, passando pelos canadianos, há nacionalidades para todos os gostos. O que é óptimo! Todo este mix de culturas é absolutamente extraordinário, obriga-nos a desenferrujar o inglês e sobretudo a aprender e cultivar a cuscuvilhice sobre as culturas alheias, à distância de um 'como é lá, na tua terra?'.
Estamos mesmo lado a lado com a Universidade, e o campus é giríssimo, super verde, cheio de ar e bicicletas! Vivo temporariamente num hotel mesmo ao lado da Clínica, mas espero conseguir mudar no final do mês, não porque não aprecie a distância de 2 minutos a pé que me separam dela, mas porque tenho mesmo que arranjar uma morada. Aqui tudo funciona na base do BSN-number. Basicamente tenho que me subscrever no município, é-me atribuído um número, com o qual posso fazer tudo: contas no banco, seguro de saúde, formalização de contrato, etc.. Para obter este número preciso de ter uma morada fixa (a do hotel não dá... já tentei), e portanto garantir assim que recebo salário, para poder pagar a casa e por aí em diante... Não há como fugir a este ciclo!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Google tradutor

Sempre que entro no blog, todo o layout me aprece um holandês, o que me leva a procurar o painel principal que restaura todas as minhas definições de origem, completamente às cegas. Porque é um facto que esta língua não se assemelha a absolutamente nada! E dei por mim a ter esta conversa um destes dias com um holandês. Bem, na verdade sendo este o 2º dia só pode ter sido ontem ou hoje, e como rapariga pragmática que sou, entrei logo com o pé direito e ontem mesmo tratei de explicar a um novo colega (que não faço ideia de como se chama e cujo nome tenho receio de pronunciar não o vá ofender inadvertidamente), que para nós, comuns portugueses com ouvido treinado para tudo o que é língua latina, aquilo que eles emitem nos soa a perfeito 'grunhidos'. Ok, o meu inglês não é assim tão avançado, e na falta de uma palavra melhor optei por um 'sounds weird'.
Mas esta nova fase levou-me a (re)descobrir o velho amigo 'google tradutor'. É que quando se quer fazer uma pesquisa ou outra sobre apartamentos para alugar, qual o banco a escolher, redes de telemóveis, transportes públicos, onde comprar bicicleta (sim, vai ter que ser!), seguro de saúde (é obrigatório, no entanto o site é integralmente em holandês... fico confusa), não há pachorra para palavras de 15 letras com pelo menos 4 consoantes seguidas que se parecem com o absoluto nada e de onde não consigo extrair o menor sentido.
Agora que acabei de fazer a lista das seis tarefas e consequentes sub-tarefas que daí advirão, percebo que tenho que voltar aos sites de casas e apartamentos...

Zie je later

terça-feira, 14 de junho de 2011

E a aventura começa...

Cheguei ontem a Maastricht. É aqui que irei viver nos próximos meses com todas as alegrias, tristezas, saudades, dificuldades e momentos auspiciosos que esta "nova vida" me proporcionará. Digo próximos meses, porque assim custa menos assimilar que de facto serão mesmo muitos aqueles que passarei fora de casa, da minha casa, do lar para onde volto e tenho o abraço à minha espera...
Cheguei ontem, já o dia ia comprido, com a vida que é possível arrumar em 35Kg de mala, atrás... Mas a malta é simpática e deram-me uma mãozinha! Opah, fiquei surpreendida, temos sempre aquela imagem dos holandeses muito austeros e distantes e até agora, nada disso! O motorista pára na paragem que lhe aponto no papel (impossível soletrar), os RHs (temos este hábito de catalogar as pessoas pelo cargo que ocupam em determinada organização) ajudam-me de uma forma minuciosa com todos os formulários, visita de reconhecimento às áreas onde me vou movimentar futuramente ocorre com largos e rasgados sorrisos! Até o almoço foi cortesia de primeiro dia!
A aventura começa quando me metem uma bicicleta nas mãos... Tenho tanto jeito para andar de bicicleta como um garfo, mas garantiram-me que estava longe do sítio onde vendiam as panelas que precisava (sim, por favor uma sopa, custa-me imaginar que doravante só há sandes!), e prontamente me arranjam uma duas rodas topo de gama! Enquanto sorria e agradecia pela amabilidade, só me via a levar à frente o primeiro ciclista que aparecesse (mais tarde percebi que tal não é possível, visto que me desloco numa velocidade bastante reduzida e qualquer avô me ultrapassa não me dando hipóteses para o derrubar).
Portanto, bicla nos pés e mãos, mochila para trazer as compras e munida de mapa, sigo para o centro da cidade! Não correu mal! A sério que não. Ok, tive que passar 3 vezes no mesmo sítio para perceber qual a melhor abordagem para estacionar o veículo, mas para 1ª vez em tráfego urbano, não foi mau! A panela veio, os legumes para a sopa ficam para amanhã, que já não cabiam na mochila e eu não sou artista de trazer sacos nas mãos e guiador ao mesmo tempo.
Final de tarde é tempo de 'video call' para a família, a garantir que está tudo bem, que cheguei direitinha, mas que já estou a morrer de saudades de todos (e estou...). E é nesta altura que as dúvidas assolam momentaneamente: fiz a escolha certa? terei arriscado demais? porque é que não podemos ter tudo ao mesmo tempo?